quinta-feira, 19 de março de 2009
Pastor é atacado durante o culto de domingo
ÍNDIA (22º) - O pastor K. Krupanamdam da Igreja True Wine em Gabbilalpet, distrito de Ranga Reddy, foi agredido no domingo.
A colônia em Shameerpet Mandal, sob a administração de Alwal, cedeu um terreno para uma igreja. Ela foi construída e aproximadamente 100 pessoas frequentavam os cultos. Recentemente, um grupo anticristão da aldeia quis tomar a propriedade da igreja. Os pastores abordaram várias autoridades sobre os problemas, por isso, a polícia destacou dois agentes policiais para proteger a igreja.
Em 22 de fevereiro de 2009, domingo, por volta de 11:30, o Pastor Krupanamdam iniciou o culto com uma oração. Após cantar algumas músicas, um grupo de pessoas lideradas por Rokalbanda Ramulu, um líder comunitário, interrompeu o serviço. Várias mulheres no grupo começaram a puxar a camisa e bater no pastor.
A polícia não podia controlar a situação e chamou apoio. Cerca de cinco a seis viaturas policiais chegaram e colocaram a situação sob controle. O inspetor chefe visitou o local mais tarde. O pastor foi levado à delegacia, e ele registrou uma queixa, mas nenhum boletim de ocorrência (FIR) foi arquivado.
Tradução: Gilmar Tsalikis
Atos dos Apóstolo - De Jerusalém a Roma
Atos dos Apóstolos é um livro de relevância ímpar para a igreja de nossa época. Esta relevância não é por abordar questões doutrinárias que a igreja debate, mas porque é a primeira história escrita sobre a igreja. Segundo Crabtree:
“Fora das epístolas, é o único [livro] que conta a história da época apostólica primitiva, da vinda do Espírito Santo, do estabelecimento da poderosa Igreja de Jerusalém, e da expansão do evangelho até Samaria e aos confins do Império Romano”.
É evidente que não temos aqui, uma história objetiva, imparcial (se é que existe isto) apenas com o levantamento de dados porque a história da igreja primitiva é muito maior e muito mais rica que o livro de Atos nos mostra. Nas palavras de Storniolo:
“São as raízes da Igreja, ao mesmo tempo da sua existência e dos seus problemas. É a etapa intermediária, entre a atividade de Jesus e vida das comunidades que, pouco a pouco, irão formando a fenômeno que hoje temos como Igreja”.
Esta observação é muito boa porque nos relembra que Atos, também, narra os problemas da igreja da época. Vez por outra ouvimos alguém clamar por um retorno “à pureza e à simplicidade da igreja primitiva”, como se algum momento a igreja tivesse existido sem problemas internos e sem impurezas. Ananias e Safira estão no capítulo 5, e a murmuração (mais conhecida entre nós como fofoca) já surge no capítulo 6. Atos e as epístolas mostram que a igreja sempre foi um evento muito complexo e que as impurezas, tanto doutrinárias quanto morais, sempre estiveram presentes em sua vida. Não se deve pensar num evolucionismo teológico, em que a igreja saiu do estágio de uma ameba para uma vida mais complexa e mais perfeita. Os cristãos atuais não corromperam e desvirtuaram a igreja, nem a tornaram de algo simples em algo complexo. Na escolha dos doze, feita por Jesus, havia um homem chamado Judas. Os discípulos, durante o ministério terreno do Salvador, já lutavam por espaço e grandeza. A história da comunidade de Jesus é uma história de pecadores. A igreja é composta de pecadores. Numa expressão bem-humorada de Peterson:
“Nenhuma igreja jamais existiu em estado puro. É composta de pecadores. As pulgas acompanham o cachorro” .
Em uma frase de Lutero, “a face da igreja é a face do pecador”. Sim, nós nos tornamos a igreja, mas nossos pecados nos acompanham. Porém, o Espírito Santo a dirige e a tem conduzido de maneira vitoriosa ao longo dos milênios, apesar de todos os desacertos dos cristãos.
O autor de Atos não se declara, mas sempre foi entendido como sendo um médico chamado Lucas. Não é um historiador imparcial, mas é partidário declarado do movimento. Isto não diminui sua obra. Pelo contrário, até. Sendo partidário do movimento, ele não somente pesquisou, mas se envolveu com seus eventos, viveu-os, sofreu por eles. Isto fez dele um pesquisador não distante do ocorrido, mas uma testemunha ocular. Muitas vezes, a narrativa surge na primeira pessoa do plural, “nós”. Ele esteve lá. Ele viu. Recebeu informações que repassou mas, também, viveu muitos dos eventos que relata em sua obra. Isto faz do livro uma obra significativa. Parte dele foi escrita em campo de batalha por um dos soldados. Ou por um médico dos soldados. E não num gabinete, por um pesquisador incapaz de compreender o impacto dos eventos na vida das pessoas. Ele sabe do impacto do evangelho. Ele o experimentou.
Embora seja história, Atos, também, é um documento de fé. Isto também é positivo. É um documento espiritual. Neste comentário, além de considerá-lo assim, também o consideramos como sendo uma revelação de Deus. Cremos que é um documento inspirado pelo Espírito Santo de Deus. Lucas foi seu autor humano, mas o Espírito foi seu autor primeiro. Assim o trataremos. Não é uma história seca e imparcial. É uma história de fé e parcial. Parcial porque escrita por quem tinha fé e inspirada por quem produz a fé. A história de nossos ancestrais na fé está contida neste livro.
Atos foi escrito com elegância literária, em estilo elevado. Mostra ser uma obra bem construída e bem documentada. É um documento de fé, mas não é uma obra mal feita, irracional e irrefletida, produzida por um simpatizante simplório e desprovido de senso crítico. Fica claro que seu autor é uma pessoa bem preparada intelectualmente, culta, com bom vocabulário e domínio da arte de escrever, alem de se expressar bem em um grego elevado. Isto em termos de forma. Em termos de conteúdo, é uma obra da parte de alguém que conheceu o evangelho de Jesus e se rendeu a ele. E este comentário é de um autor, também rendido a Jesus e ao seu evangelho, apaixonado pela igreja, cuja história é narrada em Atos nos seus passos iniciais. E este autor confessa ser fascinado pela obra de Lucas.
O livro de Atos é uma obra histórica parcial, foi dito e repetido. E este comentário sobre Atos é uma obra parcial. Não se propõe a ser um trabalho científico, no sentido de imparcialidade (se é que isto existe). Pode seguir regras de interpretação, de redação, de estruturação do pensamento. Mas foi escrito para ajudar na fé no Senhor Jesus e na compreensão maior do seu evangelho. Se isto for alcançado, ficarei satisfeito, porque Atos foi escrito para esclarecer sobre o evangelho e a igreja. E este comentário também.
Carta Missionária
INFORMATIVO MISSIONÁRIO – ITÁLIA, JANEIRO DE 2009.
“Eis que faço uma coisa nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis? Eis que
porei um caminho no deserto, e rios no ermo” (Isaías 43.19).
O ano novo começou e com ele já estamos orando e seguindo as orientações divinas de como podemos continuar a colaborar com o SENHOR DE MISSÕES, que é o nosso Deus, para haver a expansão do Seu Reino aqui na Itália. O clima aqui está bastante frio! Nos últimos dias chegamos a ter uma temperatura de até 4 graus negativos! A criançada se alegrou com a chegada da neve, mas, apesar de todo este gelo, nosso coração continua muito quente e fervente na obra de missões na Itália. Quero agradecer a todos os irmãos que estiveram nos sustentando com suas orações pelos eventos que tivemos para semear a Palavra no mês passado. O concerto com o irmão italiano, Nicola Milone, foi muito bom. Tivemos um bom número de pessoas presentes. Já no natal, no dia 25 de dezembro, a igreja estava cheia! Foi uma oportunidade excelente para a pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Além disso, estiveram conosco também um grupo musical lírico de coreanos que cantaram, em italiano, louvores ao nosso Deus. (Assista aos vídeos, bem como a mensagem em nosso canal YouTube: http://www.youtube.com/user/chiesabattistacesena. Esta é uma ótima oportunidade para aprender um pouco de italiano!). Agora, depois de deixar 2008 para trás, olhamos para 2009 com grande expectativa e fé em Jesus pelas coisas novas e grandes que Ele vai fazer por aqui. Peço e desafio os queridos irmãos que dobrem seus joelhos e orem incessantemente por motivos que são verdadeiros desafios.
Orem pelo prefeito de Cesena, Giordano Conti, pois estamos aguardando a resposta para a compra de um terreno da prefeitura de Cesena com a autorização para a construção de uma sede para a nossa igreja. Já estivemos falando com ele várias vezes, e já fizemos um pedido oficial; agora estamos aguardando a resposta. Peçam ao Senhor não apenas por uma resposta positiva, mas também que Deus providencie os recursos financeiros para a compra deste terreno e em seguida para a construção do templo. Orem para que Deus levante irmãos, irmãs e igrejas que queiram ser instrumentos de Deus orando e contribuindo para o projeto “Terra Nostra” através da JMM.
Orem pelo Cesena In Piazza 2009! Como é do conhecimento de vocês, todos os anos vamos até as praças e os parques de Cesena para levar Cristo aos corações das pessoas que ali se encontram! Orem para que o Senhor levante obreiros prontos para semear a Palavra nos corações. Entre em contato com o setor de voluntários da JMM e venha passar uma semana evangelizando aqui na Itália! Para este evento evangelístico também teremos os queridos irmãos do grupo Vencedores por Cristo.
Por fim, continuem orando pelo crescimento espiritual dos crentes de nossa igreja aqui em Cesena, para que o nosso Deus continue nos sustentando como Seus missionários, dando-nos Sua unção, poder e muita Sabedoria na Sua Palavra para pregar o Evangelho, vivendo Cristo em nossas vidas.
Orem pela campanha de missões da JMM, para que todas as nossas Igrejas Batistas do Brasil respondam com prontidão e amor por missões, como já têm feito no passado. E é claro, em especial, orem pela obra de missões na Itália, para que Deus salve e transforme a vida deste povo tão religioso, mas em sua quase totalidade sem um relacionamento verdadeiro com Deus por meio de Jesus Cristo. Orem para que Deus use esta “crise mundial” para que as pessoas sejam mais sensíveis ao Evangelho e busquem a Deus.
Em Cristo,
Pr. Fabiano, Anne, Fabìola, Fernando e Fabrizio Nicodemo.
OREM POR NÓS!
E-Mail – nicodemof@gmail.com / Home Page – www.jmmitalia.org – www.chiesabattistaitalia.org
Assista e divulgue este vídeo na internet:
http://www.youtube.com/watch?v=SqKKRb1XRAQ
Este vídeo relata a realidade e o grande desafio da obra de missões na Itália, segundo os missionários pastor Fabiano e Anne Nicodemo.
Ser Batista
Escrito por JOSÉ CARLOS TORRES - Pastor, secretário executivo da Convenção Batista Carioca
Ninguém nasce cristão, ninguém nasce batista.
Ser cristão e ser batista resulta de decisões que devem ser muito bem pensadas, tomadas de forma autônoma e consciente, pois implicam em radicais compromissos de vida.
Nasci no que se costuma chamar de “um lar católico”. Católicos eram meus pais e todos os meus familiares. Uma família católica.
Quando decidi (veja, eu disse decidi, o que implica em opção autônoma) ser um cristão batista, a resistência e até oposição que encontrei foi grande. Pudera! O engajamento da família na Igreja Católica podia ser assim mostrado: um primo era reitor de um Seminário Maior no Nordeste, dois outros estavam estudando no Vaticano. Promovido a cônego, um primo tornou-se o pároco da Catedral Metropolitana de Maceió. As mulheres, em sua maior parte, participavam da organização chamada “Filhas de Maria”. Eu mesmo, já fora presidente da Cruzada Eucarística e até já havia ajudado na celebração de missas.
Foi na adolescência, vivendo uma crise existencial perturbadora, que me afastei do catolicismo e vivi um tempo sem quaisquer vínculos religiosos. O rompimento era fruto do meu questionamento dos conceitos e das formas de se pensar e de se praticar o cristianismo propostos pela Igreja Católica, apesar dos muitos valores positivos que, também reconheço, nela existem.
Havia certas coisas, no ser, no pensar e no fazer católicos que eu não conseguia aceitar e com o que não pude mais conviver.
Entre essas coisas que, entendia já, não se harmonizavam com os mais fundamentais princípios de uma religiosidade saudável, estavam: o institucionalismo que faz a organização prevalecer sobre o povo; a hierarquização que sufoca a criatividade que é um dom de Deus aos homens; o autoritarismo (sempre diabólico) que inibe a reflexão livre e autônoma, e degrada o ser humano destituído de poder institucional, além de ser um obstáculo intransponível à construção da unidade na diversidade.
E eu ainda tinha problemas com certas doutrinas, incoerentes, sem base bíblica e sem consistência conceitual, que vigoravam apenas pela força do autoritarismo de um “Magistério da Igreja” que não podia ser contestado e impunha suas posições à revelia da revelação bíblica. Isso tirava do crente a possibilidade de sua autonomia, transformando-o em seguidor passivo.
Andei assim por alguns anos: sem vínculos religiosos, muitas vezes incrédulo, construindo novas certezas em cima das dúvidas que levantava e, sempre, sempre buscando verdades centrais que dessem sentido à minha vida.
Durante essa caminhada, deparei-me com opções diversas, variando do ateísmo ao mergulho em expressões de religiosidade como o Islamismo e as várias religiões asiáticas. Nenhuma conseguiu cativar-me.
Na minha avaliação, nenhuma dessas opções me proporcionava o espaço adequado para viver o mais plenamente possível a minha individualidade (com as diferenças inevitáveis disso resultante) e a minha humanidade (oferecendo-me um ambiente espiritual e sócio-cultural em que, junto com outras pessoas, pudéssemos realizar-nos como comunidade humana).
Eu pensava, e continuo pensando, que se a religião não propiciar esses dois resultados – e os dois têm a ver com a salvação, o Reino de Deus e a vida abundante propostos por Cristo – ela se distancia dos propósitos divinos. E quanto mais se distancie, mais passará a constituir-se num instrumento de controle social, num instrumento do Estado, numa mera instituição da cultura prevalecente, numa ideologia sustentadora do status-quo.
Foi no meio dessas andanças que conheci a Igreja Batista. Minhas primeiras visitas à Igreja Batista do Farol, em Maceió, deram-se por motivos meramente sociais, para atender a convite de três amigos do Colégio Batista, um deles já falecido – o inesquecível irmão e amigo pr. Daniel Rocha Guimarães.
Confesso, a esta altura, que nas primeiras e espaçadas vezes em que freqüentava aquela igreja, eu o fazia tomado por uma grande dose de preconceito, apenas para atender aos meus amigos Daniel, Tereza e Timóteo. Até porque, se abandonara a expressão maior de cristianismo na sociedade brasileira, que outra, menos relevante social e culturalmente me atrairia?
Aos poucos, entretanto, algumas marcas diferenciadas do pensar, do ser e do fazer batista começaram a despertar a minha atenção para uma nova expressão do cristianismo pela qual fui sendo irresistivelmente atraído. Dentre estas marcas diferenciadoras que fui enxergando, destaco as seguintes:
1. O crente, individualmente, numa igreja batista, pode pensar livremente, tomar suas decisões autonomamente e assumir as conseqüências de suas opções. A autonomia do indivíduo é reconhecida como um princípio batista.
2. O crente, como conseqüência da sua autonomia (liberdade para pensar, sentir e agir por si próprio), tem o direito de discordar de qualquer dos seus líderes, e a responsabilidade de colocar o seu pensamento discordante como expressão da sua singularidade pessoal e do seu compromisso de ser fiel às suas verdades e de contribuir para o enriquecimento da vida comunitária da igreja.
3. A igreja, como comunidade local, também é autônoma em suas decisões e por elas responsável diante de si mesma, de Deus e do mundo. Governada de forma democrática, participativa e congregacional, não há poder externo que possa intervir numa igreja batista, com legitimidade, referentemente a questões religiosas.
4. Autônomas, as igrejas batistas não são independentes, ao menos enquanto partes de um mesmo povo que se define com base em uma história e princípios comuns, tendo como propósito maior a vivenciação de toda a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, que se traduz na salvação de todos os perdidos e na santificação de todos os salvos.
Para tanto, elas estabelecem laços cooperativos umas com as outras, para que juntas possam fazer o que nenhuma, mesmo a que se pense mais poderosa, pode fazer isoladamente.
5. Autônomas e responsáveis, e tendo que dar respostas relevantes para os diferentes contextos em que se situam, as igrejas batistas, unidas pelos seus princípios, são necessariamente diferentes na forma como respondem às necessidades com que se defrontam.
Como conseqüência, a unidade que caracteriza as igrejas batistas não é a opaca, triste, ética e esteticamente pobre unidade na uniformidade. Pelo contrário, é a rica, alegre e bela unidade na diversidade, a única que se harmoniza com um Deus cujo Espírito, em sua multiforme graça, abençoa os crentes que a fazem com diferentes dons e diferentes ministérios.
6. A liderança, numa igreja batista, necessariamente deve traduzir-se em serviço. Os títulos não devem estabelecer posições de poder, mas apenas ministérios, isto é, serviços a serem prestados em nome de Deus aos crentes individualmente, à comunidade como um todo e ao mundo.
Pastores e líderes, não importando os seus cada vez mais pomposos e desnecessários títulos, se vêm o ministério ou os títulos que ostentam como fonte de poder, fator de diferenciação hierárquica ou meio de vantagens pessoais, estão não só gravemente equivocados, como também produzindo doenças, desilusões e frustrações no seio do povo ao qual deveriam somente servir, servir e servir.
O pr. José Guedes dos Santos era o pastor da Igreja Batista do Farol, quando me converti e fui batizado. Retratando-o da forma mais fiel, digo que ele era apenas um servidor daquela igreja, um facilitador para que ela expressasse as marcas acima citadas. Um servo, simplesmente um servo. Aí estava a fonte de sua autoridade. Autoridade que, com o compromisso de serviço e a consciência cristã que o caracterizam, jamais deixou resvalar para o autoritarismo.
Outras coisas mais fui vendo sobre o que significa ser batista. Encantado, conquistado, apaixonado pelo que via e pelas perspectivas que se abriam diante de mim, à luz dos diferenciais acima citados e de outros mais, decidi aceitar Cristo como meu Senhor e Salvador, bem como a Bíblia como minha regra final de fé e prática, tudo à luz dos princípios batistas.
Da decisão feita em 1965, nunca me arrependi. Tenho procurado ser fiel a ela, mesmo nos meus piores momentos. Se tivesse mil vezes que tomar a mesma decisão (como de fato o fazemos a cada dia), tantas vezes cristão batista me afirmaria.
Mais ainda agora, quando vivemos uma época fascinante de ruptura, cheia de graves problemas, mas maiormente grávida de desafios e oportunidades para proclamarmos de forma relevante a nossa fé em Cristo, para sermos instrumentos para a glorificação do seu nome no meio dos homens. Desafios e oportunidades para cuja superação, estou convicto, nenhum outro grupo religioso dispõe de um conjunto tão rico e apropriado de princípios como os batistas.
Não tenho a presunção de que os batistas somos a única igreja verdadeira, nem a ilusão de que somos os donos da verdade e de que as nossas práticas são sempre corretas e coerentes com os nossos princípios.
Desconfio até que experimentamos uma crise de razoável gravidade, exatamente em razão de algumas das nossas práticas, pelo fato facilmente visível de nos termos distanciado dos nossos princípios – aqueles diferenciais que definem o ser batista e fazem de nós um grupo singular entre os demais grupos cristãos.
Essas incoerências pragmáticas e suas conseqüências sistêmicas no pensar, nas atitudes e no agir batistas (especialmente em suas formas institucionais e hierarquizadas), como as expressões recorrentes de autoritarismo, de culto à personalidade, de etnocentrismo e de intolerância com as diferenças, eu as vejo como graves equívocos e problemas. Mas também os vejo como desafios que podem e devem ser enfrentados por mim, por qualquer outro batista e por todos que estejam deles conscientes, como parte da nossa responsabilidade cristã e sem receios de que haja instâncias ou instrumentos legítimos que nos possam cercear este direito incontestável.
Ser batista, propicia-me como cristão este espaço de liberdade que me permite ser coerente com as minhas verdades, mesmo que isso me custe também o preço de ficar aparentemente sozinho, como voz clamando no deserto. Mas não é esta uma das mais fascinantes facetas do assumir plenamente a nossa humanidade: o exercício pleno da nossa liberdade e das responsabilidades nela implícitas?
Tudo o que acima afirmei, e em função do como vejo a vida e como procuro vivê-la, torna crescente em mim a certeza de que fiz a melhor escolha quando me tornei batista. No espaço comunitário batista eu encontro, em tese, o ambiente espiritual, conceitual, social e cultural em que posso realizar-me como indivíduo, como parte da “nova humanidade em Cristo” e da humanidade mais próxima e global, com tudo que isso implica em liberdade e responsabilidade.
A consciência de ter feito a escolha irresistível, mais o valor que dou à vida que vivo como conseqüência, leva-me a afirmar, como um cântico que emana do mais recôndito do meu ser: eu não saberia viver, como ser humano, sem ser cristão; eu não saberia viver, como cristão, sem ser batista.
Fonte: O Jornal Batista
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